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sábado, 15 de março de 2014

A História da Historiografia brasileira e a criação do IHGB


A História que nos é ensinada nas escolas brasileiras seguiu um padrão por muitos anos e acabou deixando rastros até a atualidade, onde apenas é vista como uma história factual e datada sendo imposta aos estudantes, que encontram dificuldades de ter uma percepção de análise crítica e buscar outras versões históricas. Além de haver também uma criação de estereótipos em homens e mulheres que participaram da construção da história nacional. Assim as escolas tornam-se carentes do conhecimento histórico e não apresentam as várias facetas da História do Brasil e de como ela foi escrita.  
Mediante aos estudos e pesquisas, é possível analisar o papel imigratório dentro da historiografia brasileira que vai além da força de trabalho ao sincretismo na formação cultural do Brasil. Uns dos primeiros intelectuais a escrever sobe a colônia foi Pero de Magalhães Gândavo que em 1576 publica a História da província de Santa Cruz que a vulgarmente chamamos Brasil, porém seu relato no livro é visto com uma simples propaganda da colônia, na qual enfatiza a vasta riqueza e beleza, já que no país não havia uma identidade nacional sendo uma possessão da coroa portuguesa vista pelos estrangeiros como uma terra desconhecida. Com a implantação da Companhia de Jesus na colônia para impor o cristianismo à população indígena, diversos jesuítas portugueses atraídos pelas diversidades da colônia escrevem suas crônicas relatando a fauna e flora, o comportamento indígena diante da conversão ao catolicismo, ou seja, relatando mais o contexto da natureza do que o histórico como escreveu Gândavo.
A obra mais importante do religioso italiano   
No início do século XVII, foi escrita por um religioso brasileiro a primeira obra intitulada de História do Brasil, Frei Vicente Salvador nascido na Bahia, escreve uma História, na qual serviu de fontes para outros intelectuais posteriormente. O autor recolheu uma série de fontes (orais e escritas), escrevendo com naturalidade deu um tom simples e humorístico como diz o Historiador Francisco Iglésias. Outro religioso que se destaca ao escrever uma História no período colonial era o italiano João Antônio Andreoni que se apresentava  como André João Antonil, que em 1711 escreve sua obra Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas  relatando funcionalidade dos engenhos de açúcar do recôncavo baiano (na qual ele desempenhava um importante papel em uns do maiores engenhos da região), o detalhamento e o que um engenho precisava para produzir uma quantidade considerável de açúcar mas também instrui senhores de engenho a fazer fortunas. Além de escrever sobre a economia local ele faz um parâmetro da sociedade que vivia no período.
Dentre os autores que desenvolveram e relataram nossa historiografia durante o século XIX, se encontra o inglês Robert Southey  que escreveu a primeira História do Brasil com real importância de estrutura, análise e estilo, sendo composta por um bom plano de erudição. Outro inglês que também obteve um grande destaque foi John Armitage em Londres, dois volumes do livro: The History of Brazil, from the period of the arrival of the Braganza Family in1808, to the abdication of Don Pedro the First in 1831.Compiled from State documents and other original sources. Forming a continuation to Southey’s History of that Country, no ano de 1836 usando de documentos públicos e outras fontes originais, foi sensitivo e intuitivo, obtinha pouca formação acadêmica, não podendo ser considerado eruditos tais escritos. Apesar de não tornar-se uma obra canônica dentro da historiografia brasileira, Armitage despertou os letrados oitocentistas em diversos aspectos.


Capa da Revista do IHGB na qual incentivava
aos intelectuais a escreverem a história do Brasil
A História do país era algo muito incerto no século XIX, pois há pouco tempo se tornara independente de Portugal e passava pela construção de identidade nacional (unificação vitoriosa de D. Pedro I em estabelecer o país em unidade). Após a abdicação do imperador era preciso haver um fortalecimento na identidade historiográfica do país, que estava em momentos turbulentos nos primeiros anos regenciais, e foi durante a Regência que o interesse pela historiografia do país começa a surgir com mais ânimo, em 1838 foi criado o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro ou simplesmente conhecido como IHGB, com o propósito de florescer o sentimento patriótico pela a História do país moldando um Brasil mais intelectual. A Revista do IHGB incentivava o gosto pelas pesquisas e muitos aspectos voltados para a História, além de promover congressos e concursos onde os ''historiadores'' apresentassem suas teses, se ramificando pelo país inteiro. O Instituto teve o constante apoio do jovem imperador D.Pedro II que em muitas vezes presidia as reuniões, com o propósito de incentivar as artes e ciências, o imperador patrocinou muitos  pesquisadores, que analisavam a História do país usando fontes até então desconhecidas e assim servindo de contribuição para a construção  da historiografia do Brasil.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS: 
IGLÉSIAS,Francisco. Historiadores do Brasil: Capítulos de historiografia brasileira, ed. Nova fronteira, ed. UFMG,2000.


ANTONIL, André João (João Antônio Andreoni), S.J.  Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, Edição organizada por Afonso de Taunay. São Paulo: Cia. Melhoramentos de São Paulo, 1923.

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