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sexta-feira, 28 de março de 2014

Representações Artísticas

Tarcísio Meira como Pedro I e Kate Hansen como Leopoldina no filme Indepedência ou Morte, em 1972

quarta-feira, 19 de março de 2014

Aspirante a Imperatriz

"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil" 
  Desde o início dos tempos o papel da mulher na História é desprezado, inferiorizando o gênero  feminino ou seja, a mulher deveria obter o papel de boa esposa e mãe zelosa e é no século XIX  que o papel feminino começa a  se tomar evidente em meio a uma sociedade patriarcal como é o caso do Brasil que há pouco tempo acabara de se consolidar como nação. Assim surge a figura de uma mulher, herdeira do trono imperial brasileiro, filha de um imperador intelectual e diplomático, considerado o pai da nação. A influência desta princesa iria mudar os rumos do império, sendo eles prosperidade a monarquia ou a queda do governo.
A jovem D. Isabel 
A Princesa Imperial Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, nasceu no Palácio de São Cristóvão no Rio de Janeiro, capital do Império no dia 29 de julho de 1846. A princesa foi a segunda filha do imperador Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina. Seu primeiro nome foi em homenagem a sua avó materna , a rainha viúva de Nápoles e o segundo em homenagem á sua mãe. Tornou-se a herdeira do trono, com a morte de seus dois irmãos durante a infância. 
A morte dos príncipes fez com que todos os cuidados se voltassem para a pequena Isabel, ficando sob os cuidados da baronesa de Sant' Anna. A princesa passou sua infância ao lado de sua irmã mais nova, a princesa Leopoldina,sua grande companheira. Com o propósito de preparar a princesa para exercer seu papel como imperatriz no futuro, D. Pedro II nomeia Luísa Margarida de Barros Portugal, a Condessa de Barral, para ficar a cargo da educação das princesas. A princesa nutria um grande interesse pelos estudos de ciência e química sob a influência de seu pai além de nutrir um profundo interesse pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no país, especialmente a educação pública. Ao completar 14 anos, a princesa obedecendo a Constituição, prestou juramento de "manter a religião católica, observar a constituição política do país e ser obediente às leis e ao imperador''.


Fotografia do jovem
 casal, a princesa Isabel e Gastão,Conde d'Eu
No início de 1860 começaram os preparativos para que a princesa pudesse se casar, sob o auxílio de Francisca de Bragança, princesa de Joinville, que estava na França enviou ao Brasil os príncipes Gastão de Orléans, conde d'Eu e Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, sobrinhos-netos do rei Leopoldo I dos Belgas, para que ambos casassem com as princesas. A priori o imperador queria que a princesa se casasse com Luís Augusto e  Leopoldina com Gastão, porém assim que as princesas conheceram os príncipes cada uma havia se encantado pelo prometido da outra e logo pediram aos seus pais para que ocorresse uma troca. O desejo foi atendido tanto por D. Pedro II quanto D. Teresa Cristina, que acreditavam que os casamentos não deveriam ser feitos somente pelas questões dinásticas mas também pelos sentimentos, a cerimônia ocorreu semanas após o encontro entre o casal, suas personalidades se completavam, o conde d'Eu era um marido tradicional, porém a tratava da forma mais carinhosa possível, e a princesa jamais contestava a supremacia de seu marido, pois ela sabia o papel de uma mulher na sociedade.
  Nos primeiros anos de casamento a princesa passou por uma série de abortos, afetando sua pública. Na primeira regência a princesa entregou as rédeas ao visconde de Rio Branco, porém  em sua regência que os assuntos de cunho abolicionistas tomavam novos rumos como a promulgação em 1871 da Lei do Ventre Livre para que ocorresse uma maior antecipação do fim da escravidão, logo depois medidas foram tomadas como leis que proibissem o tráfico negreiro interprovincial e que escravos que possuíssem sessenta anos ou mais fossem libertos. Já em sua segunda regência, a princesa encontrava problemas por causa do ressurgimento da questão religiosa e a grande seca no nordeste, mas em sua terceira regência foi que de fato D. Isabel assumiu as rédeas políticas do Império, a causa da abolição da escravatura foi abraçada pela princesa por que ia contra o dogmas da Igreja Católica,  e logo após ao forçar a renúncia do barão de Cotegipe, presidente do conselho de ministros.
  A Lei Áurea foi sancionada pela princesa em 13 de maio de 1888, ocasionou na libertação de todos os escravos do Império do Brasil, e tal lei jamais deveria ser contestada, tal feito deveria levar o Império brasileiro para um outro patamar de evolução encontrou muitos obstáculos dentre os quais ocasionaram no golpe de 15 de novembro de 1889, pondo um fim na monarquia brasileira e instaurando a República. A família imperial teve de ser obrigada a ir para o exílio e acabaram por fim perdendo o comando do país. A princesa passou o resto dos seus dias cuidando educação de seus netos e sua dedicação a obras de caridade até sua morte em 1921.



FONTE BIBLIOGRÁFICA:
BARMAN, Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e poder no século xix. São Paulo: UNESP, 2005. 
_______. Revista de História da Biblioteca Nacional: Dossiê Princesa Isabel. As duas faces de uma princesa, Rio de Janeiro, ano 7, nº 80, p.18-21, maio 2012.
PRIORE, Mary Del. O Castelo de Papel. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.



sábado, 15 de março de 2014

Gênero e poder no Brasil Imperial

O Jovem Pedro de Alcântara aos 14 anos.

  Na Constituição de 1824, em seu artigo segundo, determina que a assembleia geral composta de 50 Senadores e 102 Deputados Gerais estabelecendo os Poderes executivo, legislativo, judiciário e moderador sendo o imperador era o chefe dos poderes executivo e moderador, além da presença dos partidos conservador e liberal. Havia uma crise econômica dentro do império brasileiro,o governo central desejava conter as revoltas sociais, as províncias reivindicavam cada vez mais poder e para resolver a situação, então foi preciso ocorrer uma medida para acalmar os ânimos das elites e da população, a medida que as autoridades regentes decidiram foi a antecipação da maioridade de Pedro de Alcântara, pois assim o Brasil voltaria a ter um poder forte e centralizado. 
 O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maioridade de D. Pedro II, realizada no dia 23 de julho de 1840. Na época, o jovem imperador tinha apenas quatorze anos de idade e só conseguiu ocupar o posto máximo do poder executivo nacional graças a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos políticos liberais. Até então, os conservadores (favoráveis à centralização política) dominaram o cenário político nacional. Para contornar as rixas políticas, D. Pedro II contou com a criação de dispositivos capazes de agraciar os dois grupos políticos da época, os liberais e conservadores, tendo origem em uma mesma classe socioeconômica na qual barganharam a partilha de um poder repleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia como um “intermediário imparcial” às disputas políticas. Ao mesmo tempo em que se distribuíam ministérios, o imperador era blindado pelos amplos direitos do irrevogável poder moderador.
Coroação de D.Pedro II por François René.
  A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, configurou um período de relativa estabilidade. Depois da Revolução Praieira, em 1847, nenhuma outra rebelião interna se impôs contra a autoridade monárquica. Por quê? Alguns historiadores justificam tal condição no bom desempenho de uma economia impulsionada pela ascensão das plantações de café. No entanto, esse bom desempenho conviveu com situações delicadas provindas de uma economia internacional em plena mudança. No Segundo Reinado. As cidades se modernizaram, a navegação a vapor agilizou o transporte de pessoas e de mercadorias. Inaugurou-se a primeira ferrovia, e a energia elétrica foi utilizada para iluminação das ruas e apesar destas mudanças o império encontrava-se uma crise interna. Em substituição as associações dos liberais radicais surge o clube republicano em 1870 no Rio de Janeiro que começava a ganhar apoios das províncias de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

FONTE BIBLIOGRÁFICA:


BARMAN, Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e poder no século xix. São Paulo: UNESP, 2005.
____. Revista de História da Biblioteca Nacional: Dossiê Princesa Isabel. As duas faces de uma princesa, Rio de Janeiro, ano 7, nº 80, p.18-21, maio 2012. 
VIEIRA, Hermes. Princesa Isabel: Uma Vida de Luzes e de Sombras, Editora Novos Ensaios Brasileiros, 3ª ed., São Paulo, 1990.

A História da Historiografia brasileira e a criação do IHGB


A História que nos é ensinada nas escolas brasileiras seguiu um padrão por muitos anos e acabou deixando rastros até a atualidade, onde apenas é vista como uma história factual e datada sendo imposta aos estudantes, que encontram dificuldades de ter uma percepção de análise crítica e buscar outras versões históricas. Além de haver também uma criação de estereótipos em homens e mulheres que participaram da construção da história nacional. Assim as escolas tornam-se carentes do conhecimento histórico e não apresentam as várias facetas da História do Brasil e de como ela foi escrita.  
Mediante aos estudos e pesquisas, é possível analisar o papel imigratório dentro da historiografia brasileira que vai além da força de trabalho ao sincretismo na formação cultural do Brasil. Uns dos primeiros intelectuais a escrever sobe a colônia foi Pero de Magalhães Gândavo que em 1576 publica a História da província de Santa Cruz que a vulgarmente chamamos Brasil, porém seu relato no livro é visto com uma simples propaganda da colônia, na qual enfatiza a vasta riqueza e beleza, já que no país não havia uma identidade nacional sendo uma possessão da coroa portuguesa vista pelos estrangeiros como uma terra desconhecida. Com a implantação da Companhia de Jesus na colônia para impor o cristianismo à população indígena, diversos jesuítas portugueses atraídos pelas diversidades da colônia escrevem suas crônicas relatando a fauna e flora, o comportamento indígena diante da conversão ao catolicismo, ou seja, relatando mais o contexto da natureza do que o histórico como escreveu Gândavo.
A obra mais importante do religioso italiano   
No início do século XVII, foi escrita por um religioso brasileiro a primeira obra intitulada de História do Brasil, Frei Vicente Salvador nascido na Bahia, escreve uma História, na qual serviu de fontes para outros intelectuais posteriormente. O autor recolheu uma série de fontes (orais e escritas), escrevendo com naturalidade deu um tom simples e humorístico como diz o Historiador Francisco Iglésias. Outro religioso que se destaca ao escrever uma História no período colonial era o italiano João Antônio Andreoni que se apresentava  como André João Antonil, que em 1711 escreve sua obra Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas  relatando funcionalidade dos engenhos de açúcar do recôncavo baiano (na qual ele desempenhava um importante papel em uns do maiores engenhos da região), o detalhamento e o que um engenho precisava para produzir uma quantidade considerável de açúcar mas também instrui senhores de engenho a fazer fortunas. Além de escrever sobre a economia local ele faz um parâmetro da sociedade que vivia no período.
Dentre os autores que desenvolveram e relataram nossa historiografia durante o século XIX, se encontra o inglês Robert Southey  que escreveu a primeira História do Brasil com real importância de estrutura, análise e estilo, sendo composta por um bom plano de erudição. Outro inglês que também obteve um grande destaque foi John Armitage em Londres, dois volumes do livro: The History of Brazil, from the period of the arrival of the Braganza Family in1808, to the abdication of Don Pedro the First in 1831.Compiled from State documents and other original sources. Forming a continuation to Southey’s History of that Country, no ano de 1836 usando de documentos públicos e outras fontes originais, foi sensitivo e intuitivo, obtinha pouca formação acadêmica, não podendo ser considerado eruditos tais escritos. Apesar de não tornar-se uma obra canônica dentro da historiografia brasileira, Armitage despertou os letrados oitocentistas em diversos aspectos.


Capa da Revista do IHGB na qual incentivava
aos intelectuais a escreverem a história do Brasil
A História do país era algo muito incerto no século XIX, pois há pouco tempo se tornara independente de Portugal e passava pela construção de identidade nacional (unificação vitoriosa de D. Pedro I em estabelecer o país em unidade). Após a abdicação do imperador era preciso haver um fortalecimento na identidade historiográfica do país, que estava em momentos turbulentos nos primeiros anos regenciais, e foi durante a Regência que o interesse pela historiografia do país começa a surgir com mais ânimo, em 1838 foi criado o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro ou simplesmente conhecido como IHGB, com o propósito de florescer o sentimento patriótico pela a História do país moldando um Brasil mais intelectual. A Revista do IHGB incentivava o gosto pelas pesquisas e muitos aspectos voltados para a História, além de promover congressos e concursos onde os ''historiadores'' apresentassem suas teses, se ramificando pelo país inteiro. O Instituto teve o constante apoio do jovem imperador D.Pedro II que em muitas vezes presidia as reuniões, com o propósito de incentivar as artes e ciências, o imperador patrocinou muitos  pesquisadores, que analisavam a História do país usando fontes até então desconhecidas e assim servindo de contribuição para a construção  da historiografia do Brasil.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS: 
IGLÉSIAS,Francisco. Historiadores do Brasil: Capítulos de historiografia brasileira, ed. Nova fronteira, ed. UFMG,2000.


ANTONIL, André João (João Antônio Andreoni), S.J.  Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, Edição organizada por Afonso de Taunay. São Paulo: Cia. Melhoramentos de São Paulo, 1923.